22 maio 2010

Carta a um amigo

I’m in love with a fairy tale even though it hurts. São histórias de encantar que nos iluminam o pensamento. Criam-nos ilusões sobre a perfeição. Sugerem o bater acelerado do coração, as borboletas no estômago e o enredo dramaticamente romântico, como indicadores de uma promessa de amor ideal.
A perfeição não existe. É apenas algo que permite ao homem insatisfeito almejar. Há a harmonia. O equilíbrio que se encontra entre o que desejamos e o que podemos ter. Desistir de sonhar? Nunca. Apenas merecemos o que conquistámos. O sonho faz-nos andar! Mas o momento perfeito, o “mister right”, o romance ideal não existe. Cabe a cada um de nós nunca perder a vontade de alcançar a harmonia. Não dá para ficar sentados e esperar que tudo aconteça de modo que queremos apenas porque sabemos que temos direito.
Temos direito de sonhar e o dever de agir. Somos nós que criamos o nosso destino! Pelo meio esbarramos em muitos obstáculos, tropeçamos. Oh, se caímos! Levanta-te! Nunca estamos sós mas somos apenas nós que temos de ter vontade para fazê-lo.
Perdoa-me se já não pareço tão idealista. Como diria Rousseau “a sociedade corrompeu o homem” pois ele era selvagem agora actua como marioneta controlada pelos idealismos pós-modernista. Numa anologia ao pensamento deste filósofo, também a minha ingenuidade vai desvanecendo. O contacto obrigatório com outras marionetas criou peças que julguei saber a trama. Ingénua.
A sociedade é hipócrita. O exemplo maior encontra-se nos filmes românticos. Supostamente a sinceridade é sempre o caminho para a felicidade. Esquecem-se que o homem é um animal que pensa. Consegue ludibriar os seus instintos com toda a sua tendência egoísta. Pensava que era corajosa quando assumia destemidamente o que sentia. Não. Era apenas ingénua ao pensar que esse facto tornaria a situação naquele desfecho romanticamente ideal. O homem está certo. Há que resguardar-nos pois o meu pior defeito é acreditar que todas as pessoas são boas. Porque hei-de eu acreditar que não? Porque já tive a prova. Mas um ou dois não fazem a maioria.
Mais uma vez desculpa-me por não acreditar tão piamente na harmonia das relações. We told your friends we exist but we’re taking it slow.
E se não der certo? Vamos virar as costas um ao outro e fingir que nada se passou? Ou iremos debatê-lo até ao limite de pedra ser “pedra”? Seremos capazes de pedir desculpa pelos nossos erros? Mas acima de tudo, iremos continuar a respeitar-nos? Podes prometer fazer a coisa certa? Às vezes temos de ser egoístas, personalizar a nossa superficialidade.
Não me julgues tão fria e objectiva. Sei que não consigo ser assim. No fim da história, voltarei a acreditar.

…meses depois…

Acreditei. Não senti borboletas nem ouvi sinfonias. Iludi-me. Não me apaixonei. Dei tempo e agi. Tomei pulso firme mas não fui fria. Não consegui. Desculpei-me sinceramente pelas minhas incoerências.
Fizemos a coisa certa. Despedimo-nos com um até já na amizade. Emoções leva-as o vento mas o respeito tem de ser constante. Obrigada por me provares que há um depois, meu amigo.

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