02 agosto 2010

imperfeição i nércia

Dou por mim a vaguear pelos corredores destes falsos estreitos pensamentos. A imaginação atravessa-me cravando desejos dolorosos de um outrora. Mas eu estou diferente. Perdi pedaços.

Quero me encontrar mas não sei como fazê-lo. Com quem? Nem porquê…
Onde estou? Para onde me levam?

Já deixei de fazer a contagem das transgressões ao suposto eu. Moldo-me dia a dia. Hoje não sou nada, amanhã serei tudo.

Em que canto te escondes ó cavaleiro sem armadura? Houve alguém que te feriu enquanto eu te procurava no espelho. Julguei ver o teu reflexo uma vez. Agora conheço apenas a ilusão do País das Maravilhas. Este é o erro mais comum. A insegurança impregna as nossas atitudes. Deixámos aos estranhos “eu” (o romanticamente fatalista “nós”) o papel de salvadores.

Eu não quero ser resgatada por ninguém. Se não sou capaz de agir prefiro engolir-me no meu próprio fracasso.

O homem, ai o “home” é um ser insatisfeito. Hoje está tudo mal, amanhã tudo bem. Inconstante! Arrasta o seu corpo pela montanha russa das emoções. E como elas são ilusionistas! Não se medem no agora apenas no depois, no rescaldo do “foi”. Repito, o homem é uma alma volátil capaz de trair o seus mais queridos ideais porque afirma ter encontrado a solução perfeita.

Oh, meu querido solucionador: a perfeição não existe! Quantos morreram enquanto a procuravam? Somos imperfeitos, diferentes, voláteis, insatisfeitos, irmãos e inimigos. Não são inúmeras razões para provar que a imperfeição é um oásis?! Não há acordo no que é perfeito! Cada um defende a sua noção de perfeição! O que é ideal agora amanhã já não sei porque as variáveis mudam, certo? A bendita relatividade. Posso defender que encontrei a perfeição mesmo que tu não a reconheças como tal? Claro, apenas é a semi-perfeição, a falsa perfeição, e não é a perfeição. Ela é tudo.

Eu sou um pouco cansado do entretanto, do deixa-ver-o-que-vai-dar. Quero tudo ou nada. A vida ou a morte. O grito ou o silêncio.

Rasgar a gulosa inércia que me consome.

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